POETISA TONHA MOTA

segunda-feira, 28 de março de 2011

AO POETA DA PARAÍBA

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Zé Vicente da Paraíba em 2005 (Foto de Euclides Ferreira)
 Estou postando um dos poemas autobiográficos enviado pela amiga, escritora e apologista de cantoria Lourdes Silva, que recebeu das mãos do poeta estes versos escritos em 2005.
É triste viver chorando
Quem já viveu de cantar.
Autor: Zé Vicente da Paraíba
Caruaru-PE, 19/09/2005
.

Lá no Pajeú de Flores
Com meus pais morei ali,
Longe do meu Cariri
No berço dos cantadores
Repentistas trovadores
Residentes no lugar
Comecei engatinhar
Fazendo verso e errando
É triste viver chorando
Quem já viveu de cantar.
Comecei na profissão
Com dezoito de idade
Brejinho foi a cidade
Da primeira exibição
Missa de São Sebastião
Padre João foi celebrar
Nem me lembrei de rezar
Só na Viola pensando
É triste viver chorando
Quem já viveu de cantar.

Inspirei-me com Marinho
Pinto, Heleno e Zé Miguel
Outro grande menestrel
João Isídro de Brejinho
Antonio Silva Sobrinho
Zé Bernardino a glosar
Rogaciano a falar
No Amazonas versando
É triste viver chorando
Quem já viveu de cantar.

Com Francisco Julião
Eu fui um dos repentistas
Para os Nacionalistas
Da nossa Federação
Fazer apresentação
Desta arte de rimar
Para no Rio ficar
Cada bacana aclamando
É triste viver chorando
Quem já viveu de cantar.

Doutor Osvaldo Trigueiro
Minha terra governou
Foi quem mais me apoiou
No papel de violeiro
Embaixador Brasileiro
Aqui não pôde ficar
Na Europa foi morar
E eu fiquei reclamando
É triste viver chorando
Quem já viveu de cantar.

Câmara Cascudo escritor
Me apoiou em Natal
Da grande base Naval
Era o comendador
Ao desembargador
Não poderia faltar
Na capital Potiguar
A Poti me divulgando
É triste viver chorando
Quem já viveu de cantar.

Chamado pelos Doutores
Com mais de cem repentistas
Para padres, jornalistas,
Prefeito e vereadores
Professoras, professores
De qualquer rede escolar
Ninguém mais quer se informar
Onde é que estou morando
É triste viver chorando
Quem já viveu de cantar.

Cantei com José Sobrinho,
Otacílio, Louro e Dimas
Senti o peso das rimas
Nos versos de Canhotinho.
Job Patriota, Agostinho,
Manoel Xudu de Pilar
Vejo o progresso avançar
E eu atrás soluçando
É triste viver chorando
Quem já viveu de cantar.

Cantei para Senadores,
Deputados Federais,
Astronautas, Generais,
Ministros, Embaixadores,
Almirantes, Instrutores
E Brigadeiros do Ar
Hoje em dia nem num Bar
Tem alguém me esperando
É triste viver chorando
Quem já viveu de cantar.

Para o chefe da Nação,
O Ex-Presidente Vargas,
Sem prever horas amargas
Da última reunião
Aonde usava gibão
Vendo a dupla improvisar
E Gregório a vigiar
Café Filho observando
É triste viver chorando
Quem já viveu de cantar.

Eu já fui chamado um dia
Pra cantar num certo canto
Encontrei Doutor Lomanto
Governador da Bahia
Perguntou-me se queria
Em Salvador demorar
Pra cultura divulgar
Eu dei o sim confirmando
É triste viver chorando
Quem já viveu de cantar.

Lá cantei para Princesa
Linda Maria da Glória
Incluía nesta história
Na História Portuguesa
Jorge Alcântara, sua alteza,
Mano príncipe sem reinar
Isabel sem retornar
Os bisnetos confirmando
É triste viver chorando
Quem já viveu de cantar.

Junto a Lídio Cavalcante
Fui a Belém do Pará
Demorei pouquinho lá
Que Manaus é mais adiante
Fui lá no Bar Flutuante
Mas tive que viajar
Que o Brigadeiro Otomar
Estava em Roraima esperando
É triste viver chorando
Quem já viveu de cantar.

Um comentário:

  1. Ai que saudade do meu querido mano!que foi cantar pra Jesus no reino da Glória...

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